Degradação do solo: o que é e quais as suas causas?

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Por ser considerado um dos recursos naturais mais complexos do planeta, o solo é  um elemento fundamental para a manutenção da vida humana, dos ecossistemas e dos ciclos naturais. Um solo não degradado é rico em nutrientes essenciais para a produtividade da terra e para o sistema agrícola, além de ser um importante reservatório de água e servir de habitat para inúmeras espécies e micro-organismos.

A degradação do solo é resultado de fatores naturais e, mais frequentemente, pelo uso indiscriminado e da má conservação e preservação por parte das atividades humanas. O solo é um recurso limitado e não renovável e, portanto, a preocupação com a sua preservação vem sendo cada vez mais discutida e abordada. De acordo com Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 33% da terra encontrada no planeta já é considerada infértil pela sua degradação, um índice considerado bastante alarmante.

O que é degradação do solo

A degradação do solo consiste em todo processo relacionado à sua destruição. Um solo degradado passa pela modificação de sua natureza, seja ela química (perda de nutrientes, acidificação, salinização), física (perda de estrutura, diminuição da permeabilidade) ou biológica (diminuição da matéria orgânica) resultando no esgotamento e na perda de nutrientes essenciais para a fertilidade do terreno.

O que causa a degradação do solo

o que é degradação do solo

As causas da degradação do solo estão diretamente ligadas ao desmatamento, às queimadas e às ações do homem. A vegetação é de primordial importância para a circulação de nutrientes e para proteção do solo, ou seja, quando há ausência de vegetação no local, a terra fica desprotegida e mais suscetível à sua degradação. No entanto, os fatores que levam à degradação do solo nem sempre estão relacionados ao ser humano. Muitas vezes o problema é acarretado pelo clima da região e diversos fatores de ocorrências naturais, tais como as chuvas ácidas.

Os principais tipos de degradação do solo, de forma natural ou não, são:

  • Compactação do solo: Processo onde ocorre a diminuição da porosidade natural do solo, aumentando sua densidade devido à pressão ou ao atrito constante. A compactação resulta, consequentemente, na diminuição da permeabilidade da terra, dificultando a penetração da água e a movimentação de nutrientes, além de influenciar negativamente no crescimento de raízes. Esse fenômeno é causado por atividades humanas, como o manejo inadequado do solo em condições inadequadas de umidade,  tráfego de máquinas agrícolas pesadas e o pisoteio do gado.
  • Erosão: Esse é um procedimento que tem causas naturais, mas que pode ser intensificado pelas práticas humanas. Consiste na ruptura e arraste de partículas provenientes do solo devido a ações de agentes externos, principalmente, o vento e a chuva. Esse tipo de degradação altera a forma do relevo, podendo ocupar grandes áreas e diminuindo a fertilidade do solo pelo esgotamento de nutrientes. O desmatamento pode agravar a erosão  e, em áreas de encostas (morros e montanhas), pode gerar o deslizamento de terras e também a retirada das camadas férteis da terra, pois a vegetação serve como camada protetora e diminui o impacto da água e do efeitos dos ventos sobre a superfície do solo.
  • Salinização: Ocorre de maneira natural, mas também está relacionado ao manejo inadequado do solo e à adoção de métodos de irrigação incorretos. Consiste na exagerada concentração de sais minerais, geralmente provenientes das águas das chuvas, oceânicas ou das utilizadas para irrigação na agricultura, provocado pela evapotranspiração, máxima ou intensa. Ou seja, o problema ocorre quando existe a evaporação da água, mas nãos dos sais minerais, e, consequentemente, estes ficam acumulados no solo. É um fenômeno mais comum em locais de climas tropicais áridos ou semiáridos, onde normalmente existe pouca chuva e alta taxa de evaporação.
  • Laterização: Processo que ocorre devido ao intemperismo químico, associado à lavagem exaustiva pela lixiviação e resultando na formação de uma camada dura de hidróxido de ferro ou alumínio na superfície do solo alterando sua cor e modificando sua composição. Solos sujeitos à laterização tendem a se tornar ácidos, prejudicando, assim, a manutenção da matéria orgânica. Esse processo é mais frequente em locais úmidos e quentes de climas tropicais, podendo ser intensificado por desmatamentos e queimadas.
  • Lixiviação: Processo que causa a diminuição de nutrientes na terra levando à sua infertilidade. Ocorre pela lavagem superficial dos sais minerais do solo, podendo causar a formação de voçorocas, grandes e extensos sulcos (fendas). Pode ser provocada pelo desmatamento, chuvas intensas ou uma conjugação destes dois fatores.
  • Acidificação: É quando ocorre a diminuição do pH no solo, aumento do alumínio tóxico e diminuição da saturação por bases. A terra ácida limita produtividade de culturas e dificulta o crescimento de vegetação, uma vez que a disponibilidade dos nutrientes essenciais às plantas é reduzida em pH baixo, além de também ser prejudicial ao micro-organismos presentes  no solo.
  • Desertificação: o processo de desertificação consiste na degradação e no esgotamento dos solos, ocorre em regiões onde existe baixo índices de chuvas anuais. Esse fenômeno acarreta a esterilização do solo devido à alta taxa de evaporação da água, que é maior do que a infiltração e, assim, a terra vai perdendo seus nutrientes e a capacidade de fazer nascer qualquer tipo de vegetação. A predisposição da ocorrência desse problema está bastante associada ao clima do local, porém, pode ser intensificada pela ação do homem como as práticas de queimadas, o desmatamento e o uso intensivo e indiscriminado do solo em atividades agropecuárias e de mineração.
  • Diminuição de matéria orgânica: processo que favorece a emissão de gases de efeito estufa na atmosfera, uma vez que o material que compõe o solo também é responsável por sequestrar e reter o gás carbônico (CO2).
  • Contaminação e poluição: causados exclusivamente pela intervenção do ser humano na natureza, a contaminação química e a poluição do solo é um dos principais problemas que acarretam a sua degradação. Ocorre, principalmente, por decorrência das atividades agrícolas e do uso indiscriminado de agrotóxicos, fertilizantes e pesticidas. Outra causa frequente é a infiltração de materiais poluentes, principalmente em áreas de lixões e aterros sanitários onde há grande formação de chorume, devido ao descarte incorreto de resíduos industriais, hospitalares, de lixo eletrônico e, em alguns casos, de material radioativo. Os resultados desse tipo de contaminação está além da improdutividade do solo, ela também pode afetar o lençol freático, os rios, os mares, a fauna e prejudicar seriamente o funcionamento de ecossistemas.

Consequências da degradação do solo

Os processos de degradação do solo trazem consequências não só para o meio ambiente, mas também para a qualidade vida e o sustento de milhões de pessoas que dependem diretamente da agricultura para sobreviver.

O solo degradado possui baixas concentrações de nutrientes contribuindo para a degradação ambiental e dificultando ou inviabilizando a práticas de cultivos. Além disso, o manejo inadequado do solo e da água promove a aceleração do processo de desertificação, desfigura as paisagens naturais, aumenta a perda do solo, diminui a capacidade de infiltração da água, aumenta o risco de assoreamento e contaminação de lençóis freáticos, da destruição da fauna e da flora, entre outros.

O que fazer para evitar a degradação do solo

O solo é considerado um sistema complexo e dinâmico que necessita da adoção de medidas que visam sua preservação a fim de restaurar e manter a fertilidade e a produção agrícola responsável. Quanto a degradação do solo causada pelo ser humano, é preciso uma maior conscientização social para se promover o manejo sustentável da terra e de seus recursos naturais. 

Algumas das soluções para a degradação do solo que visam sua preservação e conservação, são:

  • Plantio Correto: plantar em épocas chuvosas e escolher sementes de boa qualidade é fundamental para evitar a perda de nutrientes e aproveitar a infiltração da água, retendo a umidade e facilitando a adubação.
  • Manejo Adequado: adubação, manutenção de matéria orgânica e planejamento de rotação de culturas são algumas das ações de manejo essenciais. Além disso, o diagnóstico das condições do solo, se ele precisa de calcário, fósforo, potássio, nitrogênio ou outros nutrientes também são importantes.
  • Sistema de irrigação: um bom sistema de irrigação contribui para a melhorar valor nutricional do solo e ajuda a evitar sua salinização do terreno, evitando que o mesmo se torne improdutivo.
  • Reflorestamento e adubação sustentável: o reflorestamento em áreas desmatadas ajuda a proteger os rios, proporcionando uma barreira para os sedimentos; aumentam a porosidade do solo devido à presença de raízes profundas e volumosa; diminuem a zona de impacto e o escoamento superficial da água; permitem a criação de refúgios para a fauna; favorecem a fertilidade natural do solo e a preservação dos nutrientes. Já a adubação sustentável, que consiste em aproveitar a decomposição e a compostagem de matéria orgânica como adubo, evita contaminação do solo decorrentes do uso de agrotóxicos e pesticidas.
  • Rotação de Culturas: fazer a rotação das espécies vegetais plantadas  promove a diversificação dos cultivos e melhora as característica do solo, auxiliando na reposição de matéria orgânica, no controle de ervas daninhas e na proteção contra agentes físicos de intemperismo.
  • Curvas de Níveis: as curvas de nível são linhas que ligam pontos na superfície do terreno usadas, principalmente, para ajudar na contenção da descida das águas de enxurradas para evitar o arraste de partículas (e o aparecimento de erosões) e aumentar a infiltração da água no solo.