Até certo ponto, os radicais livres não são considerados uma ameaça para a saúde. Pelo contrário, eles podem se tornar bastante úteis no combate a inflamações, matando bactérias e controlando o tônus dos “músculos lisos”. No entanto, o problema começa quando essas moléculas se tornam tóxicas e prejudiciais ao organismo humano.
O que são radicais livres
Os radicais livres são produzidos e liberados na corrente sanguínea diariamente através de diversas reações metabólicas. Eles são moléculas com um elétron a menos, fato que os tornam altamente instáveis e reativos. Na busca pela estabilidade, estas moléculas tentam “roubar” elétrons como forma de completar sua estrutura. Normalmente se juntam a outras moléculas como o DNA, por exemplo. Nessa junção, eles podem prejudicar o funcionamento normal das células, ocasionando problemas como oxidação celular.
Quando em condições normais, os radicais livres são auto neutralizantes e seus efeitos no ser humano são favoráveis, mas se o nível dessas substâncias aumenta, ocorre um acúmulo de impurezas que pode acarretar processos degenerativos, como o câncer e o envelhecimento.
Os radicais livres são formados no nosso organismo através do processo de queima (reação catabólica) do oxigênio, portanto, de todo o oxigênio que respiramos, cerca de 95% é usado para nos manter vivos e os 5% restantes são transformados em radicais livres.
Danificar células sadias é a principal ação dos radicais livres no organismo, porém, nosso corpo é capaz de produzir enzimas protetoras que conseguem conter 99% dos danos causados por essas substâncias, ou seja, o próprio organismo é capaz de se proteger dos radicais livres formados através do nosso metabolismo.
Tipos de radicais livres
Os efeitos prejudiciais proporcionados são muito variados em relação às formas como se manifestam, a depender de diversos fatores associados ao tipo de radical livre. Dentre os tipos reativos de oxigênio, podemos destacar o ânion superóxido (O2–), a hidroxila (OH–) e o peróxido de hidrogênio (H2O2).
Radicais livres e antioxidantes
O excesso de radicais livres no organismo causa o que chamamos de estresse oxidativo. Isso ocorre em razão de haver muitos radicais livres para poucos antioxidantes. Esses antioxidantes são substâncias adquiridas através dos alimentos e que estabilizam a ação dos radicais livres, impedindo o excesso de toxidades produzidas e a destruição da célula.
Portanto, para neutralizar a ação dos radicais livres, os antioxidantes precisam se unir aos mesmos e estabilizar a molécula doando elétrons para, por fim, impedir a ação oxidante dos radicais livres nas células do nosso corpo.
Radicais livres e o envelhecimento
A produção de radicais livres pode ser altamente tóxicas, agredindo e causando mortalidade de células sadias, produzindo compostos tóxicos e indesejáveis. Esse fato, muitas vezes, é responsável por causar alteração nas funções biológicas de proteínas, como o colágeno e, consequentemente, por provocar o envelhecimento precoce da pele. Com o aumento da degradação das fibras de colágeno, surge a flacidez na pele e o aparecimento das rugas.
Radicais livres de origem endógena e exógena
Os radicais livres endógenos são induzidos por fatores internos e podem desencadear dois tipos de reações: as enzimáticas ou as não-enzimáticas. As reações enzimáticas caracterizam-se pela presença de enzimas que produzem a energia de ativação, aumentando, assim, a velocidade da reação. Já as reações não-enzimáticas podem acarretar o aparecimento de EROs pelas interações entre o oxigênio com compostos orgânicos, assim como aquelas iniciadas por radiações ionizantes.
Já os radicais livres exógenos podem se incorporar ao organismo através de fatores externos. Os fatores exógenos que induzem a formação de radicais livres são:
- Poluição: Os poluentes ambientais, quando entram em contato com o epitélio respiratório, estimulam ainda mais a produção de radicais livres, pois possuem alta concentração de oxidantes. O aumento dessas substâncias pode provocar inflamação no sistema respiratório caso não ocorra a neutralização das mesmas pela ação dos antioxidantes.
- Radiação: A poluição radioativa côsmica causada, principalmente, pela ação dos raios ultravioletas pode produzir o radical hidroxila nas células da pele. Esse tipo de radical é o mais nocivo para a saúde e pode ser responsável pelo aparecimento do câncer de pele.
- Álcool e Tabaco: Além dos riscos causados pelo consumo do álcool e do tabagismo, como problemas no fígado e no pulmão, a ingestão desse tipo de substância também está relacionada ao excesso de radicais livres no organismo. Esses fatores externos podem aumentar a oxidação ou o estresse oxidativo e ocasionar problemas como doenças degenerativas e autoimunes, o envelhecimento precoce e a inflamação das células.
- Alimento com aditivos e agrotóxicos: Os agrotóxicos e os aditivos químicos presentes nos alimentos estimulam a oxidação das células e provocam o envelhecimento precoce.
- Dietas rica em gordura: O acúmulo de gordura no fígado (esteatose hepática) é consequência de uma dieta rica em gordura. O organismo, para oxidar a gordura excedente, estimula a produção de radicais livres. Esse processo, no entanto, acaba estabelecendo um ciclo vicioso entre a oxidação da célula e o acúmulo da esteatose, pois têm o potencial de lesar proteínas, lipídios e até mesmo o DNA das células.
Como evitar os radicais livres?
Os radicais livres são necessários para algumas funções do organismo, portanto, não é possível evitar sua formação. O que podemos fazer é tentar combater os radicais livres que são produzidos em excesso e que se tornam prejudiciais.
Uma das ações que podemos tomar em relação a esse fim é adotar uma dieta rica em alimentos antioxidantes, pois essas substâncias são neutralizadoras naturais dos radicais livres e promovem a proteção das células. Existe uma série de substâncias antioxidantes nos alimentos, como: Vitamina C (presente em frutas cítricas e vegetais verde-escuro), Vitamina E (presente no gérmen de trigo, óleo de soja, arroz e outros), Vitamina A (presente na cenoura, abóbora, melão, entre outros), Zinco (presente nas carnes e no leite), etc.
Outra ferramenta eficaz é a prática de exercícios físicos de maneira moderada e com a orientação de um profissional, pois o excesso dessa atividade pode proporcionar o efeito contrário, uma vez que leva o indivíduo à exaustão, prejudicando a oxigenação do organismo e do metabolismo. Com a prática saudável de exercícios físicos, é possível melhorar a capacidade de produção de enzimas endógenas e fortalecer o sistema imunológico.