Todos nós já ouvimos falar de lixo hospitalar e sabemos que é necessário evitar contato com o mesmo, tendo ele todo um tratamento especial de isolamento. Porém, o que é lixo hospitalar realmente?
Também chamados de resíduos hospitalares, todo tipo de resíduos dos serviços de saúde – sejam animais ou humanos – laboratórios de pesquisa em saúde, farmácias e até mesmo os resíduos de estúdios de tatuagem e aplicação de piercings estão incluídos na lista de tudo o que é considerado lixo hospitalar.
Esses resíduos normalmente estão em contato com fluidos humanos ou animais e sua natureza pode representar um risco à saúde das pessoas. Portanto, todo o manejo com esse tipo de lixo deve ser realizado com um profundo cuidado.
Tipos de lixo hospitalar
São exemplos de lixo hospitalar seringas, agulhas, materiais contaminados com sangue e afins. Esses materiais são classificados em diferentes níveis, de A a E, de acordo com o seu tipo.
Tipo A
O tipo A diz respeito aos materiais potencialmente infectantes. Eles podem conter qualquer material biológico que possa vir a infeccionar alguém. Este é um caso de lixo hospitalar como lixo infectante. Bolsas de sangue infectado fazem parte desse grupo.
Tipo B
O tipo B está associado a resíduos químicos. Aqui, os resíduos químicos podem representar algum risco à saúde ou ao meio ambiente. Reagentes usados em laboratórios, substâncias químicas para revelação de raio X e medicamentos potentes estão incluídos nesse grupo. É importante lembrar que é muito relevante que se lute para diminuir esses resíduos, como o caso de reagentes de revelação do raio X.
A tecnologia vem se desenvolvendo o suficiente para que os resultados dos exames já saiam diretamente na nuvem, para que possam ser acessados já em bancos de dados, sem a necessidade de revelação. Esse é apenas um exemplo, mas fica como um alerta para que se cuide mais dos resíduos e que se gere cada vez menos.
Tipo C
O tipo C é o lixo que contém resíduos radioativos. Eles existem dada a natureza de muitos exames e terapias que envolvem a medicina nuclear. Apesar de ser uma forma segura de diagnosticar doenças e as tratar, esse tipo de medicina também gera resíduos. Normalmente são gerados quando não se pode mais reutilizar o material.
Tipo D
O tipo D consiste em materiais comuns, que não possam causar acidentes nem infectar ninguém. Entre esses materiais estão gessos, papeis, gazes ou luvas. São os que representam menor risco para as pessoas que o manejam.
Tipo E
Já o tipo E engloba os materiais perfurocortantes. Entre esses materiais estão agulhas, navalhas, seringas e bisturis que foram utilizados em acessos de pacientes, exames de sangue, cirurgias ou mesmo em laboratórios de pesquisa para coletas de amostras.
Nessa categoria, até mesmo as agulhas de estúdios de tatuagem e as utilizadas para aplicação de piercings se enquadram. Aqui, pode haver um risco de o material ser perfurocortante e também estar infectado. Por esse motivo, os enfermeiros jamais podem reencapar seringas, pois estão correndo o risco de se contaminar com o sangue de pacientes doentes se errarem qualquer movimento.
Essas divisões nos permitem entender melhor do que é composto o lixo hospitalar, pois, sabendo o que cada uma representa e seu potencial risco, somos capazes de nos prevenir melhor de qualquer contato.
Descarte do lixo hospitalar
O lixo infectante deve, obrigatoriamente, ser separado do resto. O destino mais comum para tratamento do lixo hospitalar é a incineração. Isso também influencia na separação dos tipos de resíduos, pois normalmente o custo para a incineração de lixo hospitalar é baseado no peso do material. Empresas são terceirizadas para cuidar dos resíduos. Entretanto, essa prática pode ser perigosa, pois as cinzas liberadas podem conter substâncias perigosas para a atmosfera. Entre elas, estão metais pesados e dioxinas.
Ao optar por esterilizar no lugar de incinerar, os resíduos recebem um tratamento que reduz bastante seu potencial ofensivo. Porém, é muito mais caro que incinerar, o que acaba não compensando financeiramente para os hospitais. Valas assépticas também configuram boas opções de onde descartar lixo hospitalar, mas o grande espaço que seria necessário para cuidar continuamente dos resíduos, além de dificuldades na fiscalização, também costumam inviabilizar essa alternativa. A coleta seletiva do lixo hospitalar deve ser realizada pelos funcionários dos locais de descarte, para que ele seja devidamente tratado, trazendo sempre o máximo de segurança possível para todos.
Risco ambiental do lixo hospitalar
O principal lixo responsável por apresentar riscos ao ambiente é o lixo infectante. Ele pode apresentar sangue, excreções em geral, tecidos, órgãos, resíduos laboratoriais e os materiais perfurocortantes infectados. Os problemas ambientais causados pelo lixo hospitalar são evidentes quando existe um contato entre esses materiais e o solo ou a água. Isso pode resultar em danos à vegetação, por exemplo. Além disso, o contato com rios, lagos e lençóis freáticos pode prejudicar todo e qualquer ser vivo que entre em contato com esta água contaminada. Isso é bastante grave, pois essa é uma forma que induz uma contaminação de forma mais fácil. Ou seja, a infecção se espalha de forma mais agressiva no ambiente.
Uma das situações mais graves ocorre quando o destino do lixo hospitalar não é o correto. Se os resíduos forem parar em lixões comuns, os patógenos e agentes infectantes estão expostos, correndo o grave risco de alguém entrar em contato com eles. Os catadores de lixo, ou mesmo os profissionais do local, podem estar sofrendo com isso. Além disso, até mesmo os animais que possam frequentar os aterros sanitários a céu aberto estão expostos a condições de risco. Ratos, urubus e outros tipos de animais podem se tornar ainda mais perigosos, sendo vetores de outras condições além das normais.
Esse tipo de situação é bastante grave, configurando uma irresponsabilidade altíssima por parte dos geradores do resíduo. Quando não se toma o devido cuidado de para onde vai o lixo hospitalar, configura-se até mesmo um crime. Mesmo que seja por acidente, colocar outras pessoas e o meio ambiente em uma situação tão perigosa é algo que não deveria jamais acontecer. Esses casos, infelizmente, não são tão raros. O que se pode cobrar é que existam rigorosas punições a quem cometa esse tipo de delito.
A Anvisa já determinou regras nacionais para o tratamento de resíduos hospitalares. As regras do descarte são aplicadas a diferentes centros de origem, como laboratórios, necrotérios, clínicas e hospitais. Essas regras ditam o protocolo a partir da geração do lixo até o seu destino.
Seguindo essas determinações da Anvisa, espera-se que haja uma diminuição nos acidentes com os trabalhadores responsáveis por esses lixos, bem como uma diminuição dos seus efeitos no meio ambiente, impedindo que eles tomem destinos que comprometam águas, solos e animais.