A poluição radioativa é considerada a forma mais perigosa de poluição. Ela é causada pela poluição gerada por radiação, que é o efeito da propagação da energia por ondas eletromagnéticas. Quando em contato com o ser humano, essa radiação é extremamente prejudicial à saúde e pode acarretar problemas graves como leucemia, câncer, perda de cabelo e muitas outras doenças.
O que é poluição radioativa
A radiação é o efeito químico designado pela propagação de ondas eletromagnéticas que dispõem de energia variável. Um produto radioativo pode ser proveniente de fontes naturais ou artificiais (criadas pelo ser humano). A poluição radioativa existe como um resíduo da energia nuclear ou atômica produzida por elementos químicos, os quais são capazes de gerar a radiação.
Uma das causas da poluição radioativa é o lixo gerado em usinas nucleares que também pode ser chamado de lixo radioativo ou nuclear. Porém, a radiação não acontece somente como consequência das atividades das nucleares, existem algumas outras causas, como:
- Realização de radiografias (com raios x), radioterapia e esterilização de materiais médicos.
- Conservação de alimentos e eliminação de insetos e de bactérias.
- Produção de bombas nucleares.
Perigos da poluição radioativa
São muitos os perigos causados pela poluição radioativa. Em nosso organismo, por exemplo, a radiação é responsável por provocar a formação de grande quantidades de radicais livres, moléculas que, em excesso, causam a morte de células sadias, quebra dos cromossomos ou alteração do material químico que formam os genes, desencadeando mutações e gerando doenças como deformidades crônicas, problemas respiratórios e de circulação, envenenamento, diversos tipos de câncer, perturbações mentais, infecções, hemorragias, leucemia, anemia, catarata, dentre outros.
Na natureza, as consequências não são menos desastrosas. Esse tipo de poluição contamina a fauna e a flora do planeta, o que resulta no desequilíbrio do ecossistema e causa danos irreparáveis ao meio ambiente.
O grande problema com a poluição radioativa é que não existe nenhum meio de “limpeza”, ou seja, ainda não há formas eletivas para se descontaminar áreas afetadas por ela. Uma vez contaminada, a área costuma ser isolada, ficando impossível de ser habitada.
Alguns átomos radioativos possuem uma durabilidade extremamente longa. Para se ter uma ideia, o plutônio, por exemplo, um subproduto do urânio, apresenta como uma meia vida (tempo em que o elemento radioativo terá sua atividade reduzida) de cerca de 24,3 mil anos, sendo que seus impactos continuam até que se desintegrem completamente.
Vazamento de poluição radioativa
O caso mais conhecido de vazamento radioativo ocorreu em 1986 na usina nuclear de Chernobyl, no noroeste na Ucrânia e até hoje os danos são incalculáveis. Neste acidente, foram liberadas quantidades letais de material radioativo, o que resultou na contaminação da população, dos animais e do meio ambiente, além de acarretar no abandono da área, que hoje é conhecida por ser uma cidade fantasma.
Depois desse acontecimento, muitas medidas foram tomadas para evitar que novos acidentes acontecessem, mas a radiação ainda é imprevisível. Uma vez que não existem soluções para a poluição radioativa, todos os seus usos devem ser extremamente controlados para não causarem danos.
Tipos de radiação
Independentemente do tipo, existem duas formas de contaminação: a interna, que ocorre quando o material radioativo entra no organismo por meio da ingestão, inalação ou via cortes, e a externa, que ocorre a partir da exposição a uma fonte de radiação no ambiente.
- Radiação alfa (α): A radiação alfa é semelhante à composição de um átomo de hélio e, portanto, é a que possui maior massa. O alcance dessas partículas é pequeno e possui pouco poder de penetração, além de serem facilmente blindadas.
- Radiação beta (β): São elétrons emitidos através do núcleo estável de um átomo que busca estabilidade. O poder de penetração desse tipo de radiação ainda é baixo, mas é bem maior quando comparado com as partículas alfas. Ela consegue atravessar algumas milímetros da pele e, portanto, é usada pela medicina para acelerar cicatrizações na pele e no globo ocular.
- Radiação gama (γ): Onda eletromagnética com um alto poder de penetração que pode atravessar um corpo humano com facilidade e causar sérios danos aos órgãos internos.
- Radiação X: Onda eletromagnética com características semelhantes às do raio gama. Também possui um grande poder de penetração e tem sido de grande importância na medicina para a realização de diagnósticos, pois atravessam a carne humana e são absorvidos pelos ossos. Além disso, seu efeito é cumulativo e, em intensidade não controlada, pode causar danos sérios, como o câncer, por exemplo.
- Nêutrons: Os nêutrons não possuem carga. Normalmente ocorre como resultado da quebra de um núcleo atômico. A emissão de nêutron é a única radiação capaz de fazer uma substância se tornar radioativa, principalmente em reações nucleares. Além disso, é altamente penetrante e libera partículas beta e gama ao mesmo tempo.
- Radiação Cósmica: É aquela que vem do espaço e está presente na atmosfera. A radiação da luz solar (ou radiação ultravioleta) é um exemplo de radiação cósmica e a exposição a ela pode causar câncer de pele.
Fontes de poluição radioativa
As radiações, que podem causar a poluição radioativa, são emitidas através de fontes artificiais ou naturais, sendo essa última a mais predominante na Terra. Vamos a elas:
- Fontes artificiais (causadas pelo homem): As fontes de origem artificial não são naturalmente radioativas, essa reação é provocada pelo homem. Alguns exemplos são: raios X e raios gama usados na medicina para tratamento e realização de exames; testes e explosões nucleares usados na indústria bélica para fabricação de bombas e armas; reatores nucleares usados no setor de energético para produção de eletricidade; acidentes causados em instalações nucleares que normalmente liberam grandes quantidades de poluição radioativa e causar danos imensuráveis.
- Fontes naturais: Podem ser encontrados na natureza, como no solo, na litosfera e em minas. Um exemplo disso são os minerais radioativos, que normalmente acompanham algum interesse econômico, como o petróleo e o carvão. Além disso, existe a radiação cósmica presente na atmosfera, como a que provém da luz solar;
Poluição radioativa no brasil
O histórico de pesquisas no campo dos reatores nucleares vêm sendo desenvolvido há algum tempo no país. Na década de 1960, se deu início à implantação do Programa Nuclear Brasileiro e o primeiro reator nuclear de pesquisas a funcionar na América do Sul foi construído pela Universidade de São Paulo (USP).
A energia nuclear corresponde a 3% da matriz energética brasileira e suas instalações estão localizadas no município de Angra dos Reis (RJ), composta por três unidades (Angra 1, Angra 2 e Angra 3), sendo que a unidade Angra 3 ainda não está em funcionamento.
O caso mais conhecido de poluição radioativa no país ocorreu em 1987 e ficou conhecido como acidente com o Césio-137. A contaminação radioativa teve início quando dois catadores de papel encontraram um dispositivo abandonado usado para fazer radioterapia e, em seu interior, foi encontrado o isótopo césio 137 dentro de uma cápsula, que era blindada até então. Depois de levado para um ferro-velho local, o aparelho foi desmontado e é aí que a radiação começou a se espalhar. O acidente matou onze pessoas e contaminou mais de 600. Cerca de 100 mil pessoas foram expostas ao produto radioativo.
Prevenção contra poluição radioativa
Diversas medidas têm sido tomadas em relação à questão de como evitar as consequências da poluição radioativa. Para as usinas nucleares, por exemplo, existem diversas normas internacionais e órgãos reguladores com a responsabilidade de garantir a segurança na operação de reatores nucleares. Além disso, é necessário prover treinamento adequado e estabelecer normas de segurança do trabalho para os profissionais que atuam nessas usinas.
Em 1968, foi assinado o Tratado de não-proliferação de armas nucleares (TNP), um acordo entres os cinco Estados soberanos com o intuito de limitar o armamento nuclear desses cinco países que foram obrigados a não transferir armas para os “países não nucleares”, nem ajudá-los a obtê-las. O Tratado visa promover os esforços internacionais para evitar a disseminação de armas nucleares e para viabilizar o uso pacífico de tecnologia nuclear.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) foi definida como uma organização das Nações Unidas, em 1957, com o objetivo de promover o uso pacífico da energia nuclear e o desencorajamento dos usos para fins militares de armas nucleares. Em 1990, ela também passou a inspecionar e investigar suspeitas violações do Tratado de Não-Proliferação Nuclear.
Soluções para a poluição radioativa
A primeira ação a fim de conter os efeitos da poluição radioativa é pensar no monitoramento e descarte adequado do lixo nuclear. O procedimento mais recomendado é o isolamento dos resíduos em recipientes que possam conter a proliferação da radiação e a manutenção de sua integridade por um longo tempo. É comum enterrar esses recipientes em formações geográficas ou, ainda, estocar em instalações especialmente construídas na superfície da Terra, mas nenhum dos métodos é 100% seguro.
É preciso que se tenha o manuseio correto e consciente desse tipo de material. A diminuição dos testes nucleares também é um ponto a ser abordado, pois apresenta muitos perigos e riscos de poluição. Outra solução que pode ser apresentada é a limitação do uso de raios X nas atividades médicas.
Muito se questiona se a utilização da tecnologia nuclear compensa seus riscos e investimentos, uma vez que os custos para instalação e manutenção são bem altos e os riscos são imprevisíveis e incalculáveis. Entretanto, ainda existe quem diga que essa fonte de energia é fundamental para o desenvolvimento.